A corrente do mal persiste...
Em tempos de pandemia, percebemos há dez dias atrás que a violência continua marcando sua presença nos estádios, li uma crônica dizendo que a violência entre os jogadores do 1º GRENAL na libertadores é normal, coisa do futebol, de quem esta com sangue no olhos, coisa de macho e de futebol raiz. Não consigo entender como cidadão, amante do futebol e jornalista, como achar isto normal. Sim! Quem já jogou futebol sabe que o sangue esquenta , as vezes uma entrada mais ríspida, um xingamento aqui outro acolá. Agora entender que jogadores profissionais, exemplos para muitas crianças e por que não adultos, virem gladiadores em plena arena. sendo que esta que estou falando é para a pratica do futebol. Não cabe a mim julgar e sim continuar levantando a bandeira que nós do Instituto Fair Play continuamos erguida custe o que custar, A nossa Bandeira é o Projeto Torcida Pela Paz.
Não cabe nos dias de hoje que a violência que motive as arquibancadas venha do gramado e que nos dias de hoje ainda existam pessoas que aplaudam e achem isto normal. A ficha só cai quando esta violência atinge alguém próximo, não podemos fazer parte desta estatística, e infelizmente motivado pelo amor ao clube e pelo ódio ao adversário. Outro ato de violência que me chamou atenção foi em São Januário no jogo entre Vasco da Gama x Goiás, quem tinha dúvidas que caso o time da casa não tivesse um resultado positivo que atos de violência seria vistos na colina histórica, até quando a política será o estopim da violência nas arquibancadas, em 2017 eu estava no jogo contra o Flamengo que terminou com um vítima fatal e que poderiam ter sido muito mais,e tudo isto pelo cenário político do clube, nas últimas 3 eleições do Clube de Regatas Vasco da Gama eu presenciei um pressão e um clima hostil quase que coreografado, porque continua se repetindo ano após ano. Eu fico pensando o porque disto tudo, até quando o amor será vencido pelo ódio, até quando o palco de uma paixão nacional se transformará em Arenas/picadeiros/octágonos?
Existe um elo fraco em toda corrente, existe uma alternativa em toda encruzilhada e com certeza com um pouco de vontade, educação e leis mais rigorosas podemos livrar os nossos estádios deste mal que já assola os nossos estádios há mais de 40 décadas, a crescente violência nos estádios precisa parar, precisamos de números que nos mostrem um caminho de esperança. Esperamos mais de meio século para ver um GRENAL pela Libertadores, não é possível que leio comentários fomentando a violência para o próximo jogo, comentários que indicam que audiência do jogo será um recorde porque estão a espera um novo duelo de titãs, não pela beleza do futebol praticado e sim pela aguardada violência. Ano de eleição com certeza teremos vários atos políticos no clube da Colina, e os torcedores parecem que admiram este cenário e não as glórias do passado de um clube que tem uma história belíssima, qual é o elo fraco desta corrente?
Estamos na luta pela paz nos estádios e na sociedade de forma geral, não estamos retratando o GRENAL ou o Vasco, e sim a violência que não perde força em nossos estádios, quando poderemos voltar com as nossas famílias, sem se preocuparmos de verdade? Quando poderemos apenas vermos os espetáculos, os dribles do Mané, a genialidade do Rei, o Galo que era mágico em campo, o Falcão do Sul, o Dinamite que explodia a alegria nas pessoas , o Renato Gaúcho/Carioca/Brasileiro e tantos personagens mágicos do nosso futebol?
Quero dizer aos meus netos e filhos o prazer de ir aos estádios, como foram todos os domingos que passei com meu pai no Maracanã. Quero escrever sobre craques, ídolos e conquistas, sobre revelações e o surgimento de novos craques. Só que estes craques no campo e na vida, com um perfil de exemplos para seus fãs. Quero falar de como foi a mudança de comportamento nas arquibancadas, de como a torcida mais top era aquela que cantava mais, e criavam mais músicas que motivavam seu time em campo,quero falar sobre o retorno dos instrumentos e dos bandeirões por que o bambu só serve para sacudir o estandarte.
O Elo mais fraco existe e juntos podemos e devemos nos unirmos para busca-lo, esta não é uma luta perdida, na verdade a busca pela paz não pode ser vista como uma luta e sim como um novo conceito e uma nova filosofia de vida. Em um tempo que a vida esta em risco de forma global, porque não recomeçar em todos os aspectos? Eu quero assistir o melhor GRENAL de todos os tempos pela libertadores, no campo, na bola e sem violência.
Texto: Ricardo Pires
Imagem: Lucas Emanuel